quinta-feira, 30 de abril de 2020

UNIVERSIDADE METODISTA FORMA 40 VOLUNTÁRIOS PARA A LUTA CONTRA À COVID-19




Na luta contra à Covid-19 terminou nesta quarta-feira, 22 de Abril, a formação dos 40 estudantes voluntários da Universidade Metodista de Angola no Instituto Nacional de Investigação em Saúde.




Os 40 estudantes voluntários formados pela Metodista é constituído por alunos do 4° ano do Curso de Análises Clínicas e Saúde Pública. Durante o período da formação, devido as medidas de biossegurança, os estudantes foram subdivididos em dois grupos, de 20 em cada, sendo que o primeiro grupo recebera a formação no pretérito 10 de Abril.

Feliciana Patrícia Mota Ferraz, estudante do 4°ano , do turno manhã disse que "como estudantes e futuros técnicos de saúde o nosso papel é ajudar a prevenir, tratar e melhorar a saúde de uma determinada comunidade"

Entre os vários aprendizados adquiridos ao longo da formação, Gilberto Paulo Mateus, também estudante 4°ano , período da tarde, destaque que " nesta formação falamos sobre as medidas de biossegurança, colheita, acondicionamento e transporte de amostras biológicas de casos suspeitos da Covid-19."

Prof Esmael Kassanje, Director do Curso de Curso de Análises Clínicas e Saúde Pública que durante o período de formação acompanhou de perto os estudantes assegura que "esta formação certamente será marcada na vida destes estudantes e futuros profissionais de saúde, e na história da própria Universidade, pois, apesar do alto risco de contágio que a Covid-19 representa, mesmo assim, destemidos uniram-se a essa causa pontual, que é a luta contra essa pandemia. Esse gesto denota sentido de responsabilidade e compromisso da Universidade com os seus formandos e com o país de forma geral."

A iniciativa da formação foi da Universidade Metodista de Angola e visou o treinamento de voluntários para posteriormente serem chamados quando começarem as testagens massivas a nível nacional.





Resposta Teológica ao COVID 19 - África do Sul


Conheça a reflexão teológica da Igreja Metodista na África do Sul em resposta ao drama da pandemia:





Este momento na vida dos cristãos chega a pergunta "onde está Deus em todo o cenário?" A pandemia da covid-19 envolveu o mundo como uma nuvem pesada. É neste período de desinformação, confusão e ansiedade que uma resposta teológica sólida é crítica. Os seguintes aspectos de uma reflexão teológica razoável podem dar orientação e segurança em nosso contexto.



2.1 A terra é do Senhor e toda a sua plenitude. O mundo e os que nele habitam (Salmo 24: 1). Deus é o criador de tudo que existe. Deus ama tudo o que criou, incluindo os seres humanos. Jesus, Deus encarnado, veio ao mundo para habitar entre nós, para compartilhar nossas experiências humanas de dor, humilhação e até morte. 

2.2 Deus está trabalhando no mundo, buscando cura e totalidade. Cristo veio ao mundo para que através dele possamos ter vida e vida em abundância. Nele vivemos, nos movemos e existimos
(Atos 17: 28). Precisamos discernir para onde Deus está se movendo em nossas vidas e na pandemia atual para trazer cura aos vulneráveis, prevenir doenças futuras e juntar-se ao arco de moralidade, espiritualidade e cura de Deus. Jesus viajou por cidades e vilas, curando todas as doenças e enfermidades. Ele designou seus discípulos para este ministério de pregação e cura depois dele e somos chamados a participar desse ministério como seus discípulos.
  
2.3 A igreja é um povo, não o edifício. A maioria das atividades da igreja foi cancelada, incluindo os cultos da Páscoa. Para um cristão acordar no domingo de manhã e não estar na comunhão do povo de Deus, foi difícil aceitar. Mas, de uma perspectiva teológica, é impossível "cancelar a igreja". Nós somos a igreja, quer estejamos dispersos no mundo, dentro de nossas casas ou assistindo nossos cultos por transmissão ao vivo. A igreja não pode ser "fechada", apenas edifícios podem ser fechados. Ainda somos a personificação viva do evangelho, onde quer que estejamos ou aonde vamos!

2.4 É importante que os cristãos se lembrem de que essa disseminação de coronavírus ocorreu durante a estação da Quaresma. A Quaresma sempre foi designada como um tempo para uma reflexão mais profunda. No entanto, na ocupação da estação e no planejamento dos serviços, podemos não ter tido tempo para parar por períodos de oração prolongada. O crescente número de reuniões adiadas, vôos cancelados e reuniões canceladas pode realmente fornecer mais tempo para “manter a Quaresma” bem. Os calendários, que antes eram preenchidos com reuniões e compromissos, subitamente foram liberados, liberando tempo. Muitas reuniões estão acontecendo através de teleconferências, skype ou zoom; mas o ponto é que houve um espaço em branco criado na maioria de nossos calendários. Este é um meio de graça. Está na hora de orar. Buscar o rosto de Deus. Para ouvir a voz do Senhor. Para manter a Quaresma bem.

Um dos símbolos centrais da Quaresma é a coroa espinhosa. Isso nos lembra de sacrifício e abnegação. É um símbolo do preço que Jesus pagou. O termo "corona" em "coronavírus" é uma palavra que na anatomia tem o significado de "coroa". É porque o vírus, sob extrema ampliação, realmente parece uma coroa espinhosa; portanto, é - literalmente - o vírus da coroa espinhosa. O coronavírus nos lembra que, como cristãos, sempre - mesmo quando não há vírus em nosso meio - incorporamos os sofrimentos do mundo. A Quaresma é o momento em que somos particularmente lembrados dessa grande verdade. Nós somos um povo de fé, não de medo. O evangelho é, entre outras coisas, o triunfo sobre o medo. O apóstolo Paulo nos adverte em 2 Timóteo 1: 7: “Porque Deus não nos deu um espírito de medo, mas de poder, amor e autocontrole” (ESV). Isso significa que, mesmo que tenhamos cancelado nossas reuniões e eventos, isso não é feito por medo, mas por amor. É porque temos compaixão e amor pelos que são mais vulneráveis ​​entre nós. Isso significa que o distanciamento social, o auto-isolamento e o bloqueio não é por interesse próprio, mas por compaixão e amor pelos outros.



3. Reflexões e orações por 21 dias

Este calendário de oração procura fornecer oração e reflexões guiadas para o mundo e a igreja ao enfrentarmos esta pandemia. Você é incentivado a reservar um tempo para orações diárias e meditação. Pode ser útil agendar esses horários, encontrar um espaço bastante, acender uma vela, centralizar-se e participar dessas orações acima e acima de suas devoções pessoais regulares. Há uma oração de abertura que pode ser usada diariamente quando você acende a vela e antes de entrar em um foco de oração específico. Você também tem leituras diárias da Bíblia que são incentivadas a meditar no decorrer do dia.


abaixe aqui os materiais
https://methodist.org.za/prayers/Diário de Oração da Quarentena 

        DE FÉ EM FÉ: Mais 14 dias com Deus - Devoções diárias

ANGOLA - PLANO CAUTELOSO DE COMBATE À COVID-19 EM ANGOLA - contribuição da sociedade


A contribuição da sociedade civil é fundamental neste momento de crise sistêmica e de muitas incertezas. A seguir a contribuição do Instituto Mosaiko  que procura visualizar cenários e levantar perguntas necessárias. De modo especial as Igrejas podem ser chamadas a Convencer a população sobre as medidas que sejam necessárias criando espaços seguros de debate e de socialização das informações.

O Mosaiko - Instituto para a Cidadania -  é um Instituto Angolano, sem fins lucrativos, que visa contribuir para uma cultura de Direitos Humanos em Angola. Fundado em 1997, pelos Missionários Dominicanos (Ordem dos Pregadores – Igreja Católica), foi a primeira instituição angolana a assumir, explicitamente, como missão, a promoção dos Direitos Humanos em Angola.



Planear em função dos possíveis cenários

Planear face a um inimigo desconhecido que é o novo coronavírus acarreta, inevitavelmente, um elemento de incerteza. Até ao momento, não se sabe qual será a taxa de infectividade (R0) em Angola. Contudo, parece ser evidente que a densidade populacional e as condições de saneamento em zonas urbanas como Luanda, oferecem cenário ideais para a replicação e transmissão do vírus.

Cenário aparente de planeamento:  Com base nas declarações da ministra da Saúde, sabe-se que o Executivo antevê que o pico de casos acontecerá à medida que as temperaturas baixarem, no tempo de cacimbo. Com base nesta projecção, o Executivo informou sobre a criação de capacidade de resposta médica hospitalar para tratar até 2000 casos graves.

Mas existem outros elementos que merecem consideração, nomeadamente:

a. Pensa-se num único surto grande ou em vários surtos com menor dimensão?

b. Antecipa-se um maior número de casos em zonas urbanas? 

c. Se projectar a necessidade de cuidados especializados para 2000 doentes com quadro clínico severo e grave, pode-se projectar um total de 10,000 casos positivos. O cálculo é feito com base na experiência da China[1].

d. Há previsão de identificar, testar, isolar e tratar os casos com sintomatologia leve?

e. Os municípios e as províncias foram orientados para assegurar os serviços de rotina de cuidados primários de saúde no decorrer dos próximos meses?

f. Qual o plano específico de contingência para garantir os recursos humanos necessários e como está  prevista a sua distribuição pelos cuidados hospitalares e cuidados primários de saúde, caso se enfrente uma epidemia da dimensão aparentemente projectada?

g. A cadeia de abastecimento de medicamentos e consumíveis médicos foi planeada e dimensionada para os cuidados de urgência e os cuidados de rotina?




Planear para que a cura não seja pior que a doença

1. Comunicar os planos e as intenções para preparar melhor a população: As conferências de imprensa da Comissão Coordenadora de Combate à COVID-19, resume-se à divulgação do número de casos e à transmissão da mensagem de que “está tudo sob controlo”. Contudo, a população que vive do sector informal e do sector empresarial formal precisam saber quais as previsões do Executivo para o cenário previsto de 2000 casos que necessitam de cuidados especializados e de 10.000 casos totais. E no caso de ocorrer um imprevisto, com menos casos ou mais, quais as decisões previstas?

É importante notar que de um modo geral, quem toma as decisões é funcionário público, é sujeito a ameaça de contágio, mas o seu salário é protegido.  A maioria da população que vive de rendimento precário corre um maior risco de vulnerabilidade devido à falta de rendimento por tempo prolongado do que vir a morrer de COVID-19.  Os proprietários e empregados das pequenas e médias empresas também correm maior risco de perder os seus rendimentos por um período prolongado ou de forma definitiva.

2. Política de testagem: é verdade que Angola não possui uma rede de laboratórios com capacidade para fazer os testes de COVID-19 neste preciso momento. Contudo, mesmo sem a ameaça deste vírus, o país precisaria de alargar a rede nacional de laboratórios.  O Ministério de Saúde informou que 15 províncias terão, em breve, a capacidade de fazer os testes moleculares que permitem o diagnóstico de coronavírus na fase inicial de infecção.

Falou-se também, na compra e a validação de testes rápidos que detectam os anticorpos, mas a previsão de uso de testes rápidos não foi explicada.

3. Restringir movimentos de pessoas: Qual o cenário previsto pelo Executivo, em termos de limitação de movimentos intra e inter-provincial?

a. Pretende-se ou não aguardar a confirmação da transmissão comunitária do coronavírus, antes de tomar decisões sobre a limitação de movimento de pessoas?

b. As medidas continuarão a ser aplicadas em todo o território nacional, de forma igual ou prevê-se determinar zonas de transmissão de coronavírus para melhor definir o cerco e os movimentos da população?

c. Qual o plano para criar condições adequadas e sustentáveis de saneamento nos mercados principais e nas escolas em preparação para um combate duradouro à transmissão deste vírus como de outras viroses e doenças endémicas?

d. Determinados países solicitam às pessoas idosas e pessoas com doenças crónicas para praticarem o auto-isolamento, ficando dentro de casa afim de reduzir a demanda por cuidados hospitalares especializados.

4. Província de Luanda – caso especial:  No caso de confirmar casos positivos com sintomatologia leve dentro das comunidades de Luanda, será necessário desenvolver uma política e estratégias que facilitem a execução e impeçam o movimento não controlado de pessoas de Luanda para outras partes do país. Outras medidas desejáveis são:

a. O mapeamento de casos por bairro (não somente por distrito), para saber melhor onde restringir os movimentos de pessoas. É possível que não seja necessário decretar um “lockdown” em todas áreas de Luanda.

b. Vigilância de óbitos em todos os cemitérios de Luanda a fim de identificar qualquer aumento súbito de mortalidade.

c. Organizar um programa massivo de distribuição de alimentos da cesta básica.  É amplamente demonstrado, pela cobertura das acções de distribuição, organizados pelas administrações municipais nos bairros de Luanda que as estruturas do Estado não têm experiência em matéria de distribuição de alimentos de forma criteriosa.

Pelo que se propõe que seja criado um Grupo Coordenador, incluindo técnicos que já trabalharam com o Programa Alimentar Mundial, MINARS e demais organizações que estiveram envolvidas na distribuição de bens essenciais e alimentos, num passado recente nas Ajudas Humanitárias em Angola.

O Grupo Coordenador deverá elaborar um protocolo de trabalho a ser implementado pelas administrações municipais. O protocolo orientará sobre os seguintes elementos (a lista a seguir não é exclusiva):

Lista padronizada de itens com custos;
Periodicidade de distribuição;
Critérios para inclusão no programa;
Termos de Referência para as entidades que se candidatem à distribuição;
Termos de Referência para as entidades fiscalizadoras de distribuição.

5. Políticas para manter a circulação de bens essenciais e comida: o cenário cauteloso implica planear num horizonte de meses, não de semanas. Assim, as políticas de comércio, agricultura e indústria deverão prever como manter em funcionamento as actividades produtivas e comerciais que são essenciais, no presente contexto de limitação de circulação de pessoas. O alargamento do programa de testagem será prioritário afim de facilitar a elaboração e a revisão de planos em função do controlo de casos.

6. Serviços de Saúde:  não é possível suspender os serviços rotineiros de saúde. Os Angolanos não vão parar de adoecer de malária e outras infecções respiratórias, de precisar de medicamentos para tuberculose, VIH, diabetes e hipertensão.  Os princípios básicos a ter em conta, com base nos conhecimentos de momento, parecem ser os seguintes:

a. Separar os fluxos de trabalho no sentido de assegurar que os serviços de resposta à COVID-19 sejam separados dos demais serviços;

b. Nas unidades sanitárias que prestam serviços de rotina, assegurar fluxos separados de atendimento para:

Doentes crónicos que fazem consultas de rotina. Fluxos separados significam que o atendimento médico, os serviços de laboratório e de farmácia ocorrem em espaços ou unidades dedicadas;
Os serviços de rotina de atendimento pré-natal, o atendimento à criança e vacinas devem continuar a funcionar normalmente, para prevenir o surgimento de surtos de pólio, sarampo e febre amarela.
c. Nos serviços de urgência ou de atendimento médico externo, o fluxo de atendimento de pessoas com febres e sintomas respiratórios deverá ser separado. Ao pessoal que atende nas urgências, deverá ser fornecido o devido equipamento descartável de proteção pessoal. Os doentes com sintomas sugestivos de COVID-19, deverão ser separados dos demais doentes e fornecidas máscaras;

d. Todas as unidades sanitárias deverão ser abastecidas com os medicamentos essenciais e os testes rápidos para malária. A primeira patologia a ser descartada quando um paciente se apresente com febres, fadiga e dores musculares é a malária. Se não pudermos descartar ou confirmar a malária, no primeiro ponto de contacto, corre-se o risco que os serviços de saúde se tornem focos de infecção de COVID-19;

e. No caso de se confirmar a transmissão comunitária de Coronavírus em Luanda ou noutro sítio e de manter a previsão dum número significativo de casos, será necessário:

Reduzir o número de unidades sanitárias que são abertas e assegurar que estas unidades trabalham 24 sobre 24 horas;
Assegurar que todas unidades que serão operacionais, num contexto dum surto de casos de coronavírus, tenham condições adequadas de abastecimento de água e energia e condições para que o pessoal de saúde tome banho após o turno de trabalho e antes de regressar para casa de família;
Assegurar uma política sustentável de organização de turnos e equipas de trabalho de maneira a proteger os profissionais de saúde e as suas famílias e continuar a prestar os serviços à população em condições adequadas de biossegurança.

7. Processamento de dados: assegurar os recursos necessários para a recolha e o processamento de dados em tempo real.  No contexto de uma epidemia, o acesso a dados em tempo real é essencial para facilitar a tomada de decisão.

8. Movimentos de funcionários públicos e responsáveis: As regras de limitação de movimento de pessoas quando não sejam necessárias, aplicam-se a todos, incluindo ao aparelho de Estado. A movimentação de equipas do nível nacional para “verificar” medidas tomadas ao nível das províncias é desnecessária.   A fiscalização de execução das políticas do Estado é e deve ser da responsabilidade do Governo da Província.

9. Convencer a população sobre as medidas que sejam necessárias: É de extrema importância que as mensagens oficiais tenham uma única fonte e que o conteúdo técnico e a linguagem sejam correctos. Winston Churchill, na altura que a Grã-Bretanha fez uma declaração de guerra, em péssimas condições de preparação, no início da Segunda Guerra Mundial, disse que as características mais importantes dos dirigentes e líderes, no momento de crise, são as de serem capazes de não mentir a eles próprios e nem à Nação. À luz das informações disponíveis presentemente em Angola, não é possível afirmar que a epidemia esteja controlada. Todos nós queremos que esteja controlada. Contudo, se for preciso manter as medidas de controlo de movimento da população por um período prolongado, tem que haver um debate mais aberto e inclusivo sobre como mitigar o efeito das medidas na população mais vulnerável.

10. Polícia: Há debate em várias redes sociais sobre as medidas de protecção para os agentes da polícia que se encontram na linha da frente para a execução das medidas de contenção. A minha opinião é a seguinte:

a. Distribuir máscaras para os agentes da polícia, terão que ser descartáveis e em número suficiente para serem trocadas, pelo menos, de 4 em 4 horas. Para usar máscaras com segurança, o agente da polícia deverá ter condições para lavar regularmente as mãos;

b. A medida mais importante parece-me garantir condições de saneamento e higiene nos postos e nas esquadras da polícia. No caso de ocorrer a transmissão comunitária de coronavírus, as condições mínimas para o agente da polícia são:

Ter roupa de trabalho e roupa de casa;
Ter condições nos postos e esquadras da Polícia para tomar banho e mudar de roupa antes de regressar para casa de família.
Sou de opinião que a ameaça de coronavírus apresenta uma oportunidade ímpar para dotar os mercados, as esquadras da Polícia e as escolas com as condições mínimas de saneamento. Deve-se aproveitar a presente situação de risco para melhorar o cotidiano do trabalhador do sector informal, do agente da polícia, dos alunos e professores nas escolas, e assim, mitigar as condições de risco para todos. O risco de contágio para a sociedade é quão grande como o elo mais fraco do colectivo.

por: Mary Daly, médica especializada em Cuidados Primários de Saúde, especialista em saúde comunitária e membro do Workshop de Desenvolvimento

https://mosaiko.op.org/plano-cauteloso-de-combate-ao-covid-19-em-angola/

COVID-19: IMPACTOS ECONÓMICOS E SOCIAIS EM ANGOLA Contribuição para o debate

Importante documento do Centro de Estudos e Investigação da Católica de Angola traz uma análise das questões estruturais e conjunturais apontando os limites e desafios da pandemia em Angola e a sua já fragilizada economia e vida política. Ao longo do texto se pode perceber também as possíveis tarefas para as Igrejas. 

ÍNDICE
1. A pandemia no planeta: os números que impressionam ..................................................... 5
1.1. Medidas tomadas por países com grande incidência da COVID-19 ............................. 6
1.2. A COVID-19: Os custos económicos e sociais desta pandemia.................................. 11
1.3. Apoio das instituições multilaterais............................................................................ 17
2. As políticas e medidas em Angola: que impactos esperáveis? ........................................... 21
2.1. Principais medidas de apoio às empresas................................................................... 21
2.2. Medidas para as Famílias e o Sector Informal da Economia....................................... 29
3. A COVID-19 E o sector petrolífero....................................................................................... 35
4. A ECONOMIA Política desta crise........................................................................................ 38
5. A pandemia e prováveis efeitos desestruturantes sobre a psicologia e a organização social 44

>> leia o texto na íntegra:


A reflexão aponta tarefas e prioridade também para as Igrejas e organizações sociais: (pg. 34)

A COVID-19: Os custos económicos e sociais desta pandemia
(…) são tempos de excruciante incerteza. Nesta altura a única certeza que se tem é que a prioridade é garantir a pronta resposta dos sistemas de saúde bem como a aplicação de medidas de quarentena e isolamento social medidas que impedem o normal funcionamento da economia. (…)

As organizações religiosas e da sociedade civil poderão servir nesta altura como verdadeiros parceiros do governo na identificação das famílias mais carenciadas e como fiscalizadoras da implementação deste tipo de programas. Algumas medidas para aumentar a eficácia do pacote financeiro destinado à agricultura podem incluir:
• Identificação de culturas de segunda época, da produção de animais e pequena espécie e apoios (meios de transporte, abertura de poços de água, disponibilização no mercado de motorizadas e electrobombas) a pequenos e médios produtores agrícolas e pecuários comerciais em zonas próximas dos centros urbanos.
• Importação de insumos e de pequenos equipamentos para a agricultura, fomentando mercados de sementes, de pintos de dia e fertilizantes;
• Mobilização dos produtores para recuperação (limpeza de valas de drenagem) e constituição de regadios;
• Fomento e apoio imediato de actividades pesqueiras;
• Importação e venda de camiões de pequena tonelagem para distribuição de bens agrícolas das zonas verdes;
• Criação atempada de sistemas de distribuição alimentar, identificando populações carenciadas e criando senhas de acesso a produtos;
• Subsidiar o sector dos transportes de passageiros, fundamental para o funcionamento da economia, incluindo produção, distribuição e consumo alimentar.


Na conclusão da  análise um olhar pragmático e realista para a situação de Angola e sua dependência de investimentos estrangeiros e do setor petroleiro e a afirmação da agricultura como atividade econômica social que merece lugar especial: (pg. 49)

O que não é especulação é a crise económica e social severíssima – que já vem de longe, não sendo cientificamente correcto culpá-la, sistematicamente, com a baixa do preço do barril de petróleo – sem horizonte temporal visível para ser ultrapassada.
Tal como já foi visto mais acima, o efeito conjugado da redução do preço do petróleo/COVID19 vai traduzir-se numa quebra de actividade em 2020 de cerca de 6,8%, projectando-se apenas para 2022 os sinais de uma recuperação positiva do PIB.
Mas tudo vai depender de como a economia e a sociedade se reorganizarão, não valendo a pena, durante este interregno de tempo, pensar-se que a salvação estará no investimento estrangeiro, que não virá (ao menos nas quantidades que os poderes oficiais projectaram e o país desejou).
Portanto, chegou o momento para a agricultura desempenhar o seu papel, desde sempre adiado, e ocupar na estrutura económica e produtiva nacional um peso relativo acima de 15%, conferindo-lhe um lugar especial e passível de ser cumprido, de suporte à diversificação da economia, ao combate contra a pobreza e de melhoria na distribuição do rendimento nacional. Os investimentos, privados e públicos, para que esta alteração estrutural profunda, mas necessária e urgente, ganhe estatuto, podem ser estimados em USD145 mil milhões até 2030 (USD 13 mil milhões por ano) e uma taxa de crescimento média anual de 18,1%. Grandes números para grandes decisões. Alguém terá afirmado que em situações de crises semelhantes a esta, os países devem ser dirigidos por generais, normalmente não titubeantes na tomada de decisões: podemos esperar isso?

terça-feira, 28 de abril de 2020

EMPRÉSTIMO COM MAIS DÍVIDA É AJUDA HUMANITÁRIA? o Jubileu na Bíblia e os desafios para hoje









REFLEXÃO PASTORAL da Revda. Dr. Elvira Moisés Cazombo.

A reflexão tem motivação nos gritos e lamentações advindas de vários lugares do mundo sobre a crise que assolapa as vidas e as economias. As mortes e as incertezas pelo vida constituem a base para se pensar teológico e pastoral naquilo que é ético aos olhos de Deus. Em meio a Pandemia o socorro a água potável e a comida se fazem sentir todos os dias, por um lado. E por outro, as assimetrias entre povos e nações vão marcando mais e mais o distanciamento social e econômico entre o mundo dos poderosos e o mundo dos necessitados. Nesta polarização o que fazer para se minimizar as controvérsias sociais: empréstimo, ajudas humanitárias ou perdão as dívidas? Para se falar do perdão da dívida ou ajuda dos países que gritam por socorro e a resposta dos que podem socorrer torna-se conveniente recorrer às Sagradas Escrituras, especificamente o texto de Deuteronômio como apoio básico. Eis o texto:
v.7 “Quando no meio de ti houver algum pobre, dentre teus irmãos pobres, em qualquer das tuas cidades, na terra que o Senhor teu Deus te dá, não endurecerá o teu coração, nem fecharás a tua mão ao teu irmão pobre. V.8 Antes lhe abrirás de todo a tua mão e livremente lhe emprestarás o bastante para a sua necessidade…”

1.      CONTEXTUALIZANDO
Estamos vivendo momentos de difícil descrição naquilo que vemos nestes dias em curso. A vida desse e daquele, aqui ou acola vai passando. Os planos econômicos, sociais e políticos que foram meticulosamente traçados para serem materializados estão sendo destruídos. Sonhos viagens, casamentos, nascimentos de novas vidas tudo planejados para acontecerem nestes primeiros meses do ano de 2020 anulados ou frustrados. Enquanto esses planos estavam sendo traçados em vários países da África, Europa, Américas, Ásia e Oriente Médio, nos finais de 2019 o mundo recebia rumores de mortes e desestabilidades sociais vindos de um país supostamente “distante” do resto do mundo, a China. Até então o conceito de Oikomenus “casa comum”, o mundo não fazia jús, pois mesmo pregado, falado ou estudado as implicações de sermos pertença do mesmo globo, a materialidade da “casa comum” estava muito distante da realidade. A casa comum tem implicações de movimentos sincronizados. Deus fez o mundo a partir da visão de aldeia. Na aldeia se uma casa pegar fogo a outra casa também e se não houver intervenções rápidas toda ela se destrói. A reinterpretação da filosofia cartesiana “penso logo existo” pode ajudar a afirma: “eu penso porque faço parte do outro, logo existo”. O mundo global a partir do olhar justo de Deus nos compele para a mesma direção, o ponto de chegada.
Sim. O que parecia distante e pertencente a outrem, num abrir de olhos estava presente em toda parte do mundo: da epidemia para a pandemia e descrevendo-se para a catástrofe mundial. Este fenômeno tem o nome de COVID-19. Um vírus visto apenas com lentes. É impressionante, um vírus derrubando grandes economias mundial: bolsas de valores, ações bancarias, a queda do petróleo, desvalorização cambial, e outros recursos. No sector humano todos os meios de comunicação anunciavam e apresentam números avultados de vidas sendo ceifadas a cada minuto. O suspiro da morte enche os peitos dos que ainda estão em vida.  Para se tentar aliviar as angustias e sensações de mortes Sermões e hinos de louvores inundam a humanidade. Orações por busca de auxilio são invocados. Porém tudo está difícil.
Concomitantemente vários chefes de estados adotam medidas de contenções na propagação do vírus. Eles decretam os estados de isolamento (distanciamento) e por último os estados de emergências: “FICA EM CASA”. O lema de ficar em casa, é a melhor tática para se combater (isolar) a propagação rápida do vírus e a possibilidade de se pôr fim do mesmo. O paradoxo está no facto de “Fica em casa” é igual a não trabalhar for do seu meio familiar. Consequentemente, não há produção e nem produtividade. Em outros países ficar em casa é visto em segundo plano. A Economia está antes a vida. Quantidade de mortes por dia não justifica a quantidade da quebra de recursos financeiros nas bolsas de valores e nos mercados de trabalho. Os países produtores de petróleo vêm a desvalorização diariamente do mesmo produto com suspiros e percas de horizontes, sendo comercializado num preço a baixo das estimativas. Entre salvar a vida e salvar o mercado financeiro, ironicamente importa antes o financeiro que a vida. Neste grande países as estatísticas apontam que a alta taxa de mortalidade atinge mais aos desfavorecidos como os imigrantes e os majoritariamente pobres.
As previsões da OMS para África são mais violentas e catastróficas que em qualquer lugar do mundo Ocidental. Pois para África além da morte por COVID-19 = a doença, também a fome resultado da grande recessão econômica está para matar duplicadamente que o primeiro fator.  Num “relatório de risco, quase 369 milhões de crianças de 143 países, que normalmente dependem de refeições escolares para uma fonte confiável de nutrição diária, agora têm sido forçadas a procurar outro lugar. Na sequência, para Michelle Nicolas devemos agir agora sobre cada uma dessas ameaças aos nossos filhos. O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres salienta que os líderes devem fazer tudo o que estiver ao seu alcance para amortecer o impacto da pandemia. O que começou como uma emergência de saúde pública tem se transformado em um formidável teste para a promessa global de não deixar ninguém para trás[1]". Para este quadro que se desenha, vários Chefes de Estados apelam auxilio ao FMI empréstimos para minimizar o impacto da crise na vida das pessoas. Portanto, como falar no empréstimo se antes existe a dívida? Biblicamente não se pode falar em empréstimo quando se tem dívida a menos que se fale do perdão das dívidas, a remissão da dívida como única saída para a crise. Ou seja, a visão profética e bíblica fundamentada no decálogo não concebe um empréstimo quando alguém é devedor. A única via para África é a remissão da dívida.




2.      AFRICA CREDOR OU DEVEDOR?
A África é um continente tão milenar que outros. A mobilidade social e comercial tem fundamentos históricos. É o continente onde a arqueologia encontrara os fosseis dos primeiros seres humanos, o continente berço. Em Genesis 1.1-25, o livro clássico da criação descreve que antes dos humanos, Deus deu o formato a terra, fez a distinção entre as estações e os dias, criou os seres vivos de acordo a multiplicidade de seres e de representatividade. Após essa primeira ação percebeu a harmonia e coesão delas e criou o homem e a mulher para povoarem e dominarem os espaços Gn 1.26-27. Sem dúvidas esta narrativa criacionista contempla o continente africano e aos demais continentes do mundo, ou seja estamos perante a criação da humanidade sem distinção de raça ou classes socais. Nos textos intertestamentários relatos bíblicos apontam África no diálogo com outras culturas e civilizações em aspectos comerciais, poderios e de reinados. Para tal evidencia-se a presença da rainha de Sabá, uma mulher economicamente poderosa para dialogar com o rei Salomão, levando para ele pedras preciosas (2Cr.9.1-2ss). Outra evidencia está no livro de Atos dos Apóstolos, o relato do Eunuco, homem influente economicamente, que regressando de Jerusalém para a terra natal (Etiópia) se encontra com Pedro que o batiza e este por sua vez é responsável pela expansão do evangelho de Cristo (At. 8.26-39). Até a este período do cristianismo nascente não se tem relatos de pobreza em África. A partir do Sec. XV com as políticas de evangelização, expansão e a apropriação dos mentais o ocidente invade o continente africano abrindo para tal um dos capítulos mais sangrentos em assassinatos humanos, escravidão e espoliação de suas riquezas naturais e biológicas. Em nome da evangelização e da expansão tecnológica o imperialismo internacional ocupa e sedimenta o controle ideológico desapropriando os aspectos culturais e cultuais para criar a dependência. Assistiu e se assiste a África construindo os morros e as fortalezas da Europa e Américas. Detentora de riquezas sem igual, os países africanos são sufocados em guerras “tribais” tendo seus algozes o rosto invisível do imperialismo internacional. Em toda parte do continente são saqueadas toneladas de mineiros para fortalecer as economias e as transações financeiros-bancarias dos países do ocidente e oriente. Em troca de avultados rombos de recursos implementa-se as políticas da chamada “cooperação”. A partir da cooperação, se sedimentou as faces das dependências ideológica e financeira, se legitimou sutilmente as aberturas para as políticas e práticas de expropriação das riquezas e consequentemente o nascimento da dívida.
Hoje perante a Pandemia FMI advoga que a África é um dos continentes devedores dentre os demais.
Uma vez que a África faz parte da casa comum a pandemia que até então estava na China chega por todo lado. As previsões desenham que a África será o continente mais afetado. Causas: falta de saneamento, falta de investimentos nas áreas sociais, econômicas e hospitalares. Falta comida e bebida, não tem água potável. África perdeu a capacidade de concretizar o modelo cristã expresso na oração de Jesus para com os seus discípulos? Jesus ensinou que quando orares diz: “Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome, venha o teu reino, seja feita a tua vontade  assim na terra como nos céus, o PAO NOSSO DE CADA DIA NOS DÁ HOJE, perdoa as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores,” (Mt. 6.9-12).
Nesta oração temos duas formulações sociais importantes: Primeiro “o pão nosso de cada dia”. A África não tem esse pão de cada dia. O que fazer para que a mesa do africano/angolano não lhe falte o pão nosso de cada dia?  O segundo “perdoa as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores,” (Mt. 6.9-12). No pão nosso de cada dia e no perdão das ofensas está o querigma de Jesus, o protótipo do reino de Deus.
Para a resposta assiste-se as notícias como:
“Governos africanos pedem eventuais ajudas financeiras um total de 100 mil milhões de dólares (91 mil milhões de euros) em assistência, incluindo o apoio a uma moratória da dívida externa e, eventualmente, perdão de dívidas.
O ministro das Finanças do Gana, Ken Ofori-Atta, apelou diretamente à China que alivie o peso da dívida dos países africanos.
O Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, apela de semelhante aos países-membros do G20 o relaxamento da dívida.
O Presidente angolano juntou-se a outros 17 chefes de Estado e de Governo de países africanos e europeus que apelam a uma moratória urgente da dívida e pacotes de assistência económica e sanitária.” [2]
“O G20, grupo de maiores potências e potências emergentes, acordou uma moratória de um ano em relação ao pagamento das dívidas dos países mais pobres, incluindo muitos Estados em África. A medida visa dar tempo aos países mais pobres que estão a braços com a pandemia do novo coronavírus.”[3] Assim por diante.
Analisando esses pedidos versos as respostas concedidas para o empréstimo não correspondem aos ideários do decálogo. Receber empréstimo por cima de uma dívida é assumir ser eternamente devedor. O método mais sutil da espoliação. Roubar as terras africanas foi sempre o sonho do imperialismo internacional dentro dos sistemas capitalista. Torna-se difícil enquadrar a oração de Jesus sobre o perdão das dívidas nesta visão de conjuntura internacional. Pai perdoa as nossas dívidas assim como perdoamos aqueles que nos ofendem. Nesta formulação ética de Jesus pudemos perceber que o cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo já o fez com o seu sangue na cruz. O sangue do cordeiro foi derramado em sacrifício para que não haja mais outros sacrifícios humanos para a remissão dos pecados e que todos(as) fossemos um, assim como ele o é com o pai. Não faz sentido continuar a se observar os sacrifícios de milhares de crianças a procura de um pedaço de pão seco (África) quando outras dezenas de crianças têm bastante até para sobrar.
O perdão da dívida aos países africanos passa eticamente pelo pedido de perdão do ocidente á Deus pelos todos os males que a história regista aos filhos deste continente tornando-os pobres e dependentes, extorquindo suas identidades e culturas, confinando num estado de fome, desnutrição, pobreza.



3.     PARA QUE NÃO HAJA POBRE ENTRE OS TEUS IRMÃOS
O perdão da dividida tem como finalidade a inexistência do pobre (Dt. 15. 1). A intenção do livro de Deuteronômio consiste em criar o código de conduta para o povo que tem Deus como seu Senhor, mantendo a coesão do povo israelita no monte Sinai. Este versículo faz parte da estrutura central do código de ética presente no livro de Deuteronômio. O perdão da dívida se dá justamente durantes as festividades do ano jubilar[4].
O texto do decálogo selecionado inicia com o adverbio de modo “quando”. Este adverbio tem a sutilidade de antecipar uma ação por acontecer como possibilidade concreta. O mesmo abre a porta na ética deuteronomista indicando a previsão de segurança para qualquer israelita quer seja trabalhador ou não. Porém este israelita “dentre os teus irmãos pobres, que esteja a viver em qualquer das cidades, na terra que o Senhor teu Deus te dá não endurecerá o teu coração, nem fecharás a tua mão ao teu pobre.” A preocupação está em resguardar qualquer israelita que no período das colheitas não tivesse sucessos e por conta de isso cair no infortúnio de instabilidade financeira.  O insucesso na colheita pode ser originado de circunstancias quer sejam de ordem nas variações climática, implicações sociais.  Ou ainda por razões de morte do seu parente como viúvas, órfãos estrangeiros e outros.  Porém este necessitado não importa o lugar geográfico que ele esteja, deve ser protegido. Deus advoga a geografia para si, como espaço de seu domínio. A terra como espaço comum, casa comum, os critérios sociais como: solidariedade, hospitalidade e partilha de bens devem ser respeitadas. Pois, na terra que o Senhor teu Deus te dá, não endurecerá o teu coração, nem fecharás a tua mão ao teu irmão pobre. V.8 Antes lhe abrirás de todo a tua mão e livremente lhe emprestarás o bastante para a sua necessidade… A finalidade do jubileu é para que não haja pobre entre teus irmãos.
Pois empréstimo com mais dívida não é ajuda humanitária. Ajuda humanitária é o que está estabelecido no código da aliança: o ano da remissão. Este pobre é teu irmão não importando a cidade em que ele esteja, esse deve merecer a sua ajuda incondicional. Por isso adverte: “Guarda-te que não haja pensamento vil no teu coração e venhas a dizer: a aproxima-se o sétimo ano da remissão, e que o teu olho não seja maligno para com o teu irmão pobre, e não lhe dês nada…” (15.9). O código da aliança não abre a possibilidade de pensar que seja pago com restrições.
Em suma, a África é irmão de Outrem? É a África um devedor, pobre? Portanto essas e outras perguntas podem não terem respostas, mas a própria história denuncia os factos. Porém uma coisa é certa: “apenas uma vitória global que englobe totalmente o continente africano pode acabar com essa pandemia. Podemos vencer esta batalha, mas para isso precisamos de agir agora, com a racionalização do tempo e dos recursos disponíveis. Caso contrário, a pandemia afetará, de forma severa, particularmente África, prolongando a crise globalmente”[5]. Deus, o Pão nosso de cada dia, nos dá hoje. Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores. Não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal” (Mt.6.11-13). Neste querígma está a esperança da África/Angola.





[2] https://www.bing.com/search?q=Dívida+dos+países+pobres+para+pagar+este+ano+é+de+25%2C5+mil+milhões+de+dólares+•%09++Lusa+·+Economia+·+7+abr+2020+09%3A39&form=PRPTPT&httpsmsn=1&msnews=1&refig=565f31d2b2f94
[3] http://www.rfi.fr/pt/áfrica/20200418-macky-sall-defende-o-perdão-da-dívida-africana?xtor=CS1-51-[Desktop]-[Microsoft
[4] O Jubileu é cinquenta após sete semanas de anos, o qual prevê entre outras coisas, a volta de todos os bens de raiz, alienados durante este período, à família do proprietário (Lv. 25.24ss). Estas festas possibilitam recordar que Javé é o único Senhor e verdadeiro proprietário de todos os bens. O jubileu tem sua estreita ligação com o ano sabático, onde o Sabático é o sétimo de uma semana de anos, durante o qual os campos são deixados em repouso (Ex 23.10ss). Em Lv.25.1ss, os escravos hebreus são libertados Ex.21.2ss e as dívidas entre israelitas perdoadas Dt. 15.1.
[5] https://africa21digital.com/2020/04/15/governo-angolano-junta-se-a-pedido-de-moratoria-urgente-da-divida/

Covid-19: Terapeutas tradicionais angolanos condenam “loucuras” de charlatões


Angola tem milhares de terapeutas tradicionais, mas há muitos que usam a medicina tradicional de forma falsa e ilegal, que usam a medicina tradicional como fonte de enriquecimento rápido. Durante a pandemia é importante conhecer e interpretar as visões da doença e as trajetórias nos campos da saúde e da religião como lugar privilegiado de articulação do imaginário popular e a eficiência – ou não – de políticas públicas. Durante a pandemia é importante conhecer e interpretar as visões da doença e as trajetórias nos campos da saúde e da religião como lugar privilegiado de articulação do imaginário popular e a eficiência – ou não – de políticas públicas.
Conheça o depoimento do Sr. Kitoko Mayavangua sobre os atuais desafios.





A Câmara dos Terapeutas Tradicionais Angolanos condenou hoje o surgimento de fitoterapeutas com alegada cura da covid-19 no país, alertando a população para o cumprimento das orientações das autoridades sanitárias, e não de “charlatões com loucuras e mentiras”.
O posicionamento foi manifestado pelo presidente executivo da Câmara Profissional dos Terapeutas da Medicina Tradicional, Natural, Alternativa e Não Convencional em Angola, Kitoko Mayavangua, garantindo que, “por enquanto, não há qualquer planta” para cura da covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus.
Para o responsável, que repudia o surgimento de terapeutas nos meios de comunicação com alegada cura da pandemia, particularizando um cujo vídeo se tornou viral nas redes sociais em Angola, garantiu que o mesmo “não frequenta a Câmara e medidas serão tomadas”.
O responsável repudia as alegações de terapeutas que surgiram nos meios de comunicação com uma pretensa cura da pandemia, em particular Andrade Kichimba, cujo vídeo se tornou viral nas redes sociais em Angola, garantindo que o mesmo “não frequenta a Câmara e medidas serão tomadas”.
Em declarações à Lusa, hoje, em Luanda, “Papá Kitoko”, como também é conhecido no país, manifestou igualmente preocupação com o evoluir da doença no mundo, afirmando que a Câmara está de “mãos dadas” com as autoridades sanitárias na sensibilização dos cidadãos.
“Também estamos a exercer o nosso papel de sensibilização a nível das comunidades onde apelamos, de casa em casa, para a necessidade da lavagem regular das mãos e a higienização do corpo para conter a pandemia”, disse.
Segundo o presidente executivo da Câmara dos Terapeutas Tradicionais de Angola, o momento é de pesquisas e de apelos a medidas de proteção junto das comunidades e “não de criar pânico no seio da população com o surgimento de charlatões”.
Porque, observou o terapeuta tradicional, a prevenção “é a única para todos” e quando se encontrar uma planta curativa (para o coronavírus), frisou, alguém “tem de escrever, apresentar os argumentos para o devido encaminhamento laboratorial junto das autoridades”.
“Não podemos surgir na imprensa e tentar apresentar loucuras ou mentiras. Precisamos olhar e seguir as informações e vamos à procura com investigações para chegarmos lá”, apontou.
“O meu apelo vai aos colegas para mobilizar o povo para prevenção única”, assinalou Kitoko Mayavangua, referindo que a Câmara “mergulha seriamente em investigações”.
Segundo o mesmo responsável, a Câmara e os seus associados “ainda não receberam qualquer solicitação de cidadãos ávidos pela cura da doença” o que, caso aconteça, será prontamente notificado às autoridades sanitárias.
“A situação no país, já com 16 casos, é preocupante e temos de fazer esforços na mobilização para que não se aumentem os casos. O povo precisa de estabilidade e segurança nesta fase”, rematou.

A Câmara Profissional dos Terapeutas da Medicina Tradicional, Natural, Alternativa e Não Convencional em Angola, que controla 61.000 associados, quer integrar a equipa de especialistas multissetoriais que trabalham na contenção da pandemia no país.



https://www.angonoticias.com/Artigos/item/64413/covid-19-terapeutas-tradicionais-angolanos-condenam-%E2%80%9Cloucuras%E2%80%9D-de-charlatoes


para assistir o vídeo com a entrevista do Sr. Kitoko
https://www.msn.com/es-us/salud/noticias-medicas/lusav%C3%ADdeo-entrevista-covid-19-c%C3%A2mara-de-terapeutas-tradicionais-angolanos-condena-%E2%80%9Cloucuras%E2%80%9D-de-charlat%C3%B5es-editado/vp-BB12ijl6

Senhor livra-nos! a prevenção é a melhor solução









A fé e a ciência podem caminhar juntas. Cantora gospel angolana apresenta uma canção que harmoniza a fé na presença de Deus e as indicações das políticas de saúde para a quarentena.


A cantora gospel Irmã Joly Makanda acaba de produzir a música “Covid-19”, visando sensibilizar a sociedade sobre as consequências da pandemia.

Actualmente, com mais de duas mil visualizações no Youtube, a canção, cujo lançamento oficial do videoclipe acontece brevemente, em todas as plataformas digitais transmite mensagens de dias melhores às pessoas a nível mundial, principalmente ao povo angolano.
Na canção, a autora transmite, ainda, às pessoas a crença em “confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que sareis. A oração feita por um justo pode muito nos seus efeitos. Tiago 5:16”.


http://jornaldeangola.sapo.ao/cultura/covid-19-irma-joly-sensibiliza-a-populacao

segunda-feira, 27 de abril de 2020

Qual a teologia para estes tempos? pecado, culpa e redenção




O poder nos tempos da peste - Portugal - Séculos XIV/XVI




O temor das pestes e as imagens e expressões do castigo que afligiam a humanidade são pesquisadas pelo autor, que levanta a origem e o sentido do próprio castigo: pecado, culpa e redenção. A propósito do objeto da medicina e da doença, a imagem da realeza e sua importância cultural ligam-se à produção de um discurso régio sobre a doença.

Os tempos da peste foram, por excelência, os da purificação espiritual, sobretudo para o discurso cristão. O castigo, em última análise, visava afirmar aos homens a brevidade da vida e quão pacífica poderia ser sob a face bondosa do Pai. Redimir, resgatar, salvar, ainda que a ferro e fogo, esta seria a razão maior do castigo.

Centralização em termos de epidemia, conforme diz o autor, poderia ser o título desta obra - considerados os limites de ação régia no período. Isso ressalta o choque entre "poderes": a peste capaz de se disseminar pelo reino e pela realeza, por sua vez arrogando-se mantenedora da própria ordem do reino. O discurso régio penetrou como elemento integrante de um processo de longo percurso, interferindo no campo da saúde pública nacional sob sua ingerência.
http://www.eduff.uff.br/index.php/livros/481-o-poder-nos-tempos-da-peste-portugal-seculos-xiv-xvi

para ter acesso ao livro completo
http://www.eduff.uff.br/ebooks/O-poder-nos-tempos-da-peste.pdf

METODISTA CEDE CAMPUS CACUACO PARA QUARENTENA INSTITUCIONAL







Face a propagação do Coronavirus em Angola, a Igreja Metodista Unida em Angola, entidade promotora da Universidade Metodista no âmbito da sua responsabilidade social atende ao apelo do Governo angolano e oficializou ao Ministério da Saúde neste sábado, 11 de Abril a entrega do campus de Cacuaco para servir como centro de quarentena institucional.
A actividade que marcou a oficialização deste importante gesto social promovido pela promotora da Universidade Metodista aconteceu nas instalações do Campus Cacauco. Na ocasião Silvia Lutukuta, Ministra da Saúde mostrou-se impressionada com a dimensão e a infraestrutura que encontrou e agradeceu o gesto da Universidade em trabalhar lado a lado com o executivo nesta luta e por disponibilizar as suas instalações como centro de quarentena institucional. Silvia Lutukuta salientou ainda que o Campus Cacuaco está numa zona estratégica e dispõe de áreas a serem bem aproveitadas para o fluxo da Covid-19.
O Campus de Cacuaco da Universidade Metodista está localizado às margens da Estrada Nacional Kifangondo-Funda, as suas construções são recuadas em mais de 300 metros da Estrada Nacional, com edifícios modernos e bem conservados. O Campus dispõe ainda de mais de 40 salas amplas e 26 gabinetes e salas menores que podem ser adequadas para hospedagem, salas de reunião, 20 quartos já preparados para hospedagem individual, refeitório, cozinha, ginásio, piscina, auditório para 316 pessoas, com amplas instalações sanitárias e balneários, lavanderia, dentre outras instalações.
Os corredores são largos e todos os ambientes têm ar condicionado, além de arejamento natural e iluminação adequada. Os edifícios distribuem-se em dois e três pisos, com acessibilidade assegurada por elevadores. O parque de estacionamento do campus dispõe de 225 vagas para viaturas e autocarros, com vias pavimentadas e iluminadas. Marcaram presença na visita de oficialização o Administrador da entidade promotora, Reverendo Manuel André; Magnífica Reitora, Dra. Martha Nyanungo Sambanj; Vice-reitor, Dr. João Canoquena; da parte do Ministério da Saúde esteve presente a Ministra da Saúde, Dra. Silvia Lutukuta; Secretário do estado da saúde para área da hospital, Dr. Leonardo Europeu e outros membros da delegação ministerial.