Reflexão do período da Páscoa e o tempo de oração conjunto das Igrejas em Angola
- Por Esmael da Purificação
Luanda - Quando em Dezembro de 2019, o surto do novo
coronavírus se iniciou em Wuham, quase ninguém pensou que se tornaria, em pouco
tempo, numa pandemia que abalasse culturas e hábitos civilizacionais milenares,
entre os quais a celebração da Páscoa.
Hoje, em qualquer parte do mundo onde há cristãos, a Páscoa,
o dia em que Jesus Cristo venceu a morte (de acordo com o credo cristão), é
celebrada sem o jubilar colectivo.
Até há bem pouco tempo, por aí em finais de Dezembro de
2019, as ruas, as casas e os templos estavam cheios de pessoas com alegria nos
rostos e corações, com esperança no porvir, pois ninguém contava que a covid-19
seria mais um nome de uma pandemia a reter.
Este vírus veio mostrar as fraquezas humanas diante da força
da natureza. Limitou as manifestações colectivas de alegria, as aglomerações de
interesse desportivo e cultural. A covid-19 está a tentar desfazer até valores
familiares.
Dá dó observar as pessoas confinadas em casa, sem poder
adorar e prestar tributo a seu Deus, não só num domingo de Páscoa, mas em todos
e em qualquer dia.
A comunidade religiosa sempre acreditou que quanto mais fé
em Deus e mais obediência aos ditames da sua igreja qualquer mal seria vencido.
Infelizmente, este vírus parece querer “beliscar” ou
reforçar crenças e hábitos humanos, muitos deles impostos “a ferro e fogo”.
Há correntes que, nesta altura, evocam os “sinais dos
tempos” (pragas, pandemias, cataclismos) que antecedem o “fim do mundo”, esquecendo-se
que tais fenómenos naturais existem desde sempre, com base no princípio do
actualismo.
Ante o mistério vida e morte, os homens, ao longo da sua
existência, crêem que praticando os rituais e fortalecendo a sua fé no Ente
Divino terão uma vida melhor e ganharão a vida eterna.
Vimos isto hoje na sua mais elevada manifestação com o Jejum
Nacional de oração, devoção e louvor promovido pelo Conselho de Igrejas Cristãs
em Angola.
Mas, melhor do que tudo, mesmo dogmatizada, a congregação,
com diferentes denominações religiosas, inclusive o Islão, mostrou que todos os
problemas são causados pela luxúria, soberba e vaidade.
Escolhida num dia especial, domingo Pascal, a actividade
teve o mérito de mostrar que afinal os homens podem viver em harmonia, apesar
das suas diferenças ideologias ou religiosas.
Foi bom ouvir louvores e rezas a Deus, em favor do fim da
pandemia da covid-19.
Evangélicos, metodistas, tocoístas e muçulmanos, entre
outros, oraram, a espaços, ao mesmo Deus, para que interceda pelos homens e os
livre do novo coronavírus. Em nenhum momento os líderes religiosos chamaram a
si o velho preconceito de que “a minha religião é melhor que a tua”.
Houve maturidade e sabedoria nessa atitude, conseguindo
transmitir às pessoas que os assistiam, por televisão, que as adversidades
devem unir os homens e que há esperança no mundo.
Foram felizes ao escolher a Páscoa para a celebração deste
culto, uma vez que as pessoas, sobretudo os tementes a Deus, têm estado
desnorteadas, interpretando à sua maneira esta fase péssima da humanidade.
Aliás, isto não é de hoje. A vida no mundo está associada a
pragas, desastres naturais e pandemias como a peste negra, cólera, tuberculose,
varíola, gripe espanhola, tifo, febre-amarela, sarampo, malária e sida. Todas
elas, apesar de causarem o caos, foram vencidas ou controladas pelo homem.
Então, há que ter esperança também, a breve trecho, no fim
da pandemia que assola hoje o mundo.
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